segunda-feira, 23 de maio de 2011

Um HD totalmente destruído e queimado pode ser recuperado?

Existem dois tipos de usuários: aqueles já perderam um disco rígido e aqueles que ainda vão perder. É impressionante como certas piadas ou ditos populares transmitem uma sinceridade que pode acabar com o sossego do ouvinte. Mas não se deixe enganar. É muito provável que, cedo ou tarde, você tenha que recuperar os dados de um HD danificado.

Nesse caso, a boa notícia é que existe uma probabilidade grande de que os dados de um disco rígido com problemas possam ser recuperados. Incêndio, enchente, falhas mecânicas, remoção de arquivos por acidente e até mesmo a intenção de acabar com provas podem não ser o suficiente para destruir os preciosos arquivos armazenados em um HD.

Recentemente, o Brasil presenciou o caso da tragédia de Realengo. Antes de invadir uma escola pública no Rio de Janeiro, o atirador queimou o computador que usava, numa tentativa de acabar com provas que pudessem incriminá-lo ou denunciar o motivo de suas ações.

Mas como é feita a recuperação dos dados de um HD tão danificado? Como é possível que, depois de tanto dano, os arquivos ainda continuem intactos?

O funcionamento de um HD
É provável que você tenha lido nosso artigo sobre como funciona um disco rígido (tinyurl.com/3vv5blw). Mas é sempre bom relembrar. O HD de um computador trabalha constantemente. Ao ligar o PC e baixar um dos programas do Baixaki, por exemplo, são realizadas inúmeras atividades de leitura e escrita de dados no disco. Esses dados são gravados em discos magnéticos conhecidos como platters, discos contituídos de duas camadas, sendo a primeira feita de alumínio e a segunda composta por material magnético.

Tanto a leitura quanto a gravação são feitas por um cabeçote que se movimenta pela superfície dos discos enquanto eles giram em alta velocidade. A gravação ou leitura é feita por meio de eletroímãs minúsculos presentes na cabeça de leitura, capazes de reordenar as moléculas de óxido de ferro presentes na camada magnética dos platters.

Apesar de toda a ciência empregada nos discos rígidos, é possível perceber que a ação mecânica é essencial para o funcionamento deles. Tantos movimentos e partes móveis acabam sofrendo desgastes com o passar do tempo e essa é uma das causas mais comuns de defeitos em HD.

Falha mecânica: os clicks da morte
Quem já presenciou a morte de um disco rígido sabe como são tristes os últimos sons que eles emitem. Se ao ligar o computador você notar erros de entrada e saída (IO) e um barulho peculiar vindo de dentro do gabinete, você provavelmente perdeu o HD. Os famosos "clicks da morte" não são difíceis de serem ouvidos. Na verdade, há até mesmo websites que colecionam esses sons, para que todos possam ouvir a marcha fúnebre.

O barulho pode estar sendo emitido pela cabeça eletromagnética, que tenta se movimentar, sem sucesso, dentro do dispositivo. Se isso acontecer, desligue imediatamente o seu computador e não volte a ligá-lo.

Como a cabeça de leitura do HD está danificada, pode ser que ela acabe riscando a superfície dos platters enquanto tenta funcionar. Isso tornaria mais difícil a recuperação dos dados. Além disso, também pode acontecer que pequenas partículas se desprendam e fiquem soltas dentro do disco rígido, colaborando ainda mais para a destruição das informações armazenadas.

Nesse caso, a saída para a recuperação dos dados é desmontar o HD e substituir as peças danificadas. O grande problema é que essas peças não podem ser substituídas em qualquer ambiente. É necessário um laboratório livre de energia estática e limpo, para evitar que poeira ou qualquer outro "corpo" indesejado repouse sobre a superfície dos platters.

Como não é fácil ter esse tipo de ambiente ou de conhecimento técnicos disponível em casa, é aconselhável que o HD seja enviado para uma empresa de recuperação de dados, onde os procedimentos necessários serão realizados com o devido cuidado.

Componentes queimados
Eletrônicos costumam queimar, graças a picos de energia, raios ou qualquer outra instabilidade apresentada na rede elétrica. E já que os discos rígidos também estão conectados a essa rede, o pior também pode acontecer a eles. Nesse caso, é comum o usuário descobrir que a placa lógica do HD foi queimada.

Como você já pode ter adivinhado, a solução para esse caso é trocar a placa lógica. Para isso, o usuário deve encontrar um modelo de HD exatamente igual ao que foi queimado, prestando atenção aos mínimos detalhes, como a versão do firmware, capacidade de armazenamento e voltagem.

Bastaria, então, abrir os dois HDs e substituir a peça danificada. Mas, novamente, precisamos dar o mesmo conselho: o disco rígido é uma peça muito sensível e a substituição de peças deve ser feita por pessoas que possuem o conhecimento técnico necessário para isso. Caso contrário, o usuário pode acabar com dois HDs imprestáveis.

Situações extremas
Apesar de ser mais complicado, os dados de um HD que passou por condições extremas de calor, umidade e até mesmo de quedas podem ser recuperados. Por isso a polícia conseguiu recuperar vídeos e mensagens do atirador de Realengo, mesmo ele tendo ateado fogo ao computador.

Incêndio
Basicamente, os motivos são os mesmo das situações anteriores. Muitas vezes as partes danificadas por incêndios, por exemplo, são substituíveis. Os dados em si acabam intactos ou, pelo menos, parcialmente recuperáveis.

Há casos em que, ao abrir um HD incendiado, o técnico pode perceber que os platters permanecem intactos. O que derreteu foi apenas a carcaça. Também pode ser que alguma sujeira tenha se acumulado entre os platters e, nesse caso, também existe a possibilidade de limpá-los.

Enchentes
Esse, infelizmente, é um caso muito conhecido dos brasileiros. Com a imprevisibilidade de desastres naturais, como as enchentes, não é muito difícil ter o seu computador mergulhado em água. Além disso, acidentes também podem acontecer, ainda mais com a popularidade dos HDs externos, como derrubar alguma bebida sobre ele, sem querer.

Porém, dessa vez o conselho deve ser seguido à risca: leve o disco rígido a uma empresa especializada. E, por incrível que pareça, a dica mais preciosa nesse caso é não tentar secar o HD. Não use secador de cabelo, não o deixe exposto ao sol ou em frente ao ventilador. Embale o HD ainda úmido e leve para o técnico.

A razão para isso é que, durante a secagem, alguns resíduos ou partículas que entraram junto com a água podem acabar danificando, permanentemente, os platters que guardam os dados armazenados. Com as ferramentas certas, o técnico poderá limpar esses resíduos antes que eles sequem e fiquem impregnados à superfície dos discos.

Quedas e impactos
Também não é muito raro derrubar o notebook ou aquele HD externo recém-comprado. E, nesse caso, os problemas acabam sendo semelhantes aos provocados por falhas mecânicas. Bastaria a substituição de algumas peças antes de recuperar os arquivos.

Porém, durante a queda, nada pode ter acontecido aos platters. Quanto mais danos eles tiverem sofrido, mais baixas as chances de conseguir seus dados de volta. Aliás, aí mora o segredo para aqueles que precisam destruir completamente um HD: use uma marreta.

O dia a dia de um especialista
O Tecmundo também conversou com André Gonser, profissional da área de informática desde 1991 e que trabalha com a recuperação de dados de HDs há dez anos. De acordo com Gonser, são grandes as chances de recuperar os dados de disco rígido danificado. Quando o problema é a placa lógica queimada, a probabilidade é muito maior, mas as chances caem um pouco quando o assunto é uma cabeça de leitura quebrada ou falhas no firmware do disco.

André nos contou que o prazo médio para a solução do problema é de 24 a 72 horas, mas que alguns casos podem levar mais de uma semana. Os casos mais comuns que chegam à Agathec, empresa mantida por Gonser, dizem respeito a problemas com firmware e HDs de notebooks, que por causa da mobilidade acabam apresentando problemas mais facilmente. Há também muitos casos de HDs externos que sofreram queda.

Quando perguntado sobre o caso mais estranho que já recebeu, Gonser não hesita: "Foi um HD cheio de marteladas. A esposa descobriu a traição do marido e, por vingança, meteu o martelo disco rígido. Lógico que, em um caso desses, a recuperação não é possível".

Sobre o uso de softwares facilmente encontrados na internet e que prometem a recuperação de dados, Gonser aconselha que os usuários executem-os com sabedoria. "Esses programas encontrados na web são apenas para dados apagados e que ainda não foram sobrepostos. Mesmo assim, existe a forma correta de usá-los. Mas, por não saber, a maioria acaba instalando os programas no mesmo HD em que os dados foram perdidos. Dessa forma, é possível que os dados sejam sobrescritos e o usuário não consiga recuperá-los. Além disso, esse tipo de software não serve para casos de defeitos no HD".

Cuide bem dos seus dados
Voltando à sinceridade dos ditos populares, é sempre bom lembrar que "é melhor previnir do que remediar". Portanto, a melhor maneira de evitar problemas com os seus dados é armazená-los de maneiras mais seguras e, nesse caso, é essencial manter um backup sempre atualizado dos seus arquivos. Aliás, sem um backup ninguém deveria nem mesmo atualizar o sistema operacional da máquina.

Outra forma de prevenir que os seus dados sejam corrompidos e que você tenha que recuperá-los é manter sempre atualizados os antivírus e firewalls instalados. E, obviamente, fazer uso desses softwares. Antes de abrir um arquivo, analise-o para saber se ele possui alguma praga virtual embutida.

Também é importante manter o computador e seus componentes na temperatura ideal, usando coolers, ar condicionado em salas de servidores etc. Os estabilizadores e no-breaks também ajudam a evitar danos ocasionados por instabilidades na rede elétrica e, ao mover a máquina de lugar, lembre-se de desligá-la completamente e fazer a mudança com bastante cuidado.

Cuidados especiais ao se desfazer do seu HD
Com tantas formas de recuperar dados que estavam, aparentemente, perdidos, pode ser que o usuário não tenha tomado as medidas corretas ao vender ou doar um computador ou disco rígido usado para alguém. Apenas formatar o disco pode não ser o suficiente.

Com informações de TecMundo.

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