quarta-feira, 11 de junho de 2014

Os desafios de vender vinhos pela internet



Vender vinho não é fácil. Você precisa ser conhecido, precisa localizar público que tenha o hábito do consumo, precisa agregar valor à sua marca. Imagine o desafio de um produtor em priorizar mercados, encontrar bons e honestos importadores, trabalhar com eles e entender cada um desses destinos.

E enquanto isso, ele tem também que estar em sua vinha, em sua vinícola e, afinal, produzir seu vinho. Mas um dos  maiores desafios de alguns produtores é o problema de imagem.

Acabo de chegar de uma viagem ao Beaujolais e fiquei surpreso com muitas coisas. A primeira delas é que o maior consumidor dos vinhos da região são os japoneses! Nunca ouvi de ninguém isso, mas em compensação, 90% dos Beaujolais consumido pelos japoneses são os “Nouveau”, já os Estados Unidos são seu segundo mercado, mas os preferidos lá são os  Beaujolais Villages e o terceiro mercado é o Canadá, onde a preferência é pelos Crus de Beaujolais.

Aqui chegamos ao momento que mais me chamou a atenção nessa viagem, a inacreditável qualidade de alguns Crus de Beaujolais.

Pela experiência que tinha da região, conhecia os Morgon, os Moulin a Vent e os Fleurie, porém me deliciei pela ordem, pelos Cote de Bruilly, que são de uma encosta vulcânica que faz toda a diferença em sua mineralidade. Gostei da feminilidade dos Chiroubles e da elegância dos Saint-Amour, não desfazendo dos outros Crus, claro, apenas foram meus destaques.

A outra descoberta é a excelente relação entre o preço e a qualidade dos Crus de Beaujolais, que custam quase a metade dos de outras regiões, o que me pareceu injusto.

A razão para isso é o absoluto desconhecimento de vários mercados sobre as qualidades desses Crus, inclusive pelos próprios franceses que ainda são marcados, como nós aliás, pela quantidade de Beaujolais Nouveau que invadiu com grande sucesso o mundo do vinho nas últimas décadas.

Tive a oportunidade de provar um Fleury, o La Rouilette 2007, de Sylvie et Jean-Paul Campagnon, que às cegas eu ficaria em dúvida entre um vinho da Bourgogne ou do Piemonte e nunca diria se tratar de um Gamay. Você consegue se imaginar no lugar desse produtor? Vejo que tenho tanto a caminhar no mundo do vinho que não para de me surpreender.

Outra surpresa foi saber da quantidade de deliciosos vinhos “naturebas” na região. Provei mais de 150 rótulos do Beaujolais, entre orgânicos, biodinâmicos e naturais, na Feira Bien Boire en Beaujolais, que aconteceu no lindo Chateau de Pizay. Foi como um sonho para mim, apreciador desses vinhos, poder sentir tantas sinceridades engarrafas, felizes por seus sotaques. Como é bonito isso, pena que não haja muitos deles por aqui.

Com informações do site Prazeres da Mesa

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