A força do empreendedorismo no Brasil está na juventude. E pode ser medida pela capacidade de renovação nas duas faixas etárias que mais crescem. Hoje, o grupo dominante é formado por jovens adultos de 25 a 34 anos - soma 22,4%. Mas os que têm de 18 a 24 anos vêm logo atrás e formam a faixa que mais cresceu na última década: 7,4%.
Quando se toma como parâmetro o IBGE (Instituto Brasilerio de Geografia e Estatística), que classifica o jovem adulto como pertencente à faixa de 18 a 29 anos, pode-se considerar uma parcela ainda maior de jovens com papel ativo na economia brasileira.
Entre os países desenvolvidos e emergentes, o chamado G20, o Brasil e a Rússia são os únicos nos quais os empreendedores na faixa de 18 a 24 anos representam um número maior do que aqueles que têm 35 anos ou acima disso. Em 2010, o primeiro grupo representou 17,4% dos empreendedores nacionais.
Para Cláudia Bittencourt, diretora-geral do Grupo Bittencourt, focado na seleção de franqueados para diversas marcas, o jovem tem a favor de si uma disposição para o trabalho maior, além de estar naturalmente ligado a novas tendências do mercado devido à pouca idade. Ela aponta algumas empresas de seu portfólio como adequadas para investidores jovens, como as Havaianas, a Empório Body Store e a UZ Games.
João Bonomo, professor de empreendedorismo da Ibmec Minas Gerais, concorda com a tese. "Os alunos que eu acompanho focam negócios com dinamismo, que exigem muita energia. São jovens que se comunicam muito bem, fazem mais de duas coisas ao mesmo tempo e têm um perfil de relacionamento muito intenso."
Segundo ele, uma característica comum aos jovens é a busca de oportunidades de negócios que sejam dinâmicas e que exijam atualização constante. Alguns segmentos que destaca como ideais para esses empreendedores são as áreas de e-commerce, moda, design, música e esportes de aventura. "O jovem sempre teve um perfil mais dinâmico, antes do e-commerce tivemos a onda das empresas de turismo", exemplifica. Em sua opinião, no entanto, essas áreas não são exclusivas para as novas gerações.
Cláudia Bittencourt ressalta que o jovem empreendedor deve avaliar se o seu perfil pessoal e profissional se alinha com o negócio que tem em vista. "Na hora de buscar uma franquia, por exemplo, é preciso medir a sinergia dele com o nicho. Um jovem mais tímido, por exemplo, terá dificuldades com franquias que exijam muito dele na área de vendas", explica. Dito isso, ela lembra que o empreendedor iniciante está acostumado com um mundo mais dinâmico e interconectado, o que lhe dá uma vantagem na interação com clientes e - no caso de franqueados - com o franqueador. "Há negócios que exigem grande capacidade de atualização rápida, como é o caso do varejo". Segundo ela, o dono de uma empresa nessa área deve aprofundar o relacionamento com clientes e fornecedores, assim como estar permanente atento à divulgação de sua marca.
Para Bonomo, áreas que exigem menos atualização tendem a ser menos atraentes para os empreendedores jovens. "Uma loja de tinta, uma oficina de banners ou uma empresa de manutenção de extintores podem até possuir certo dinamismo, mas não tão intenso quanto áreas como a de e-commerce" exemplifica.
Outro nicho propício para o empreendedorismo jovem citado por Cláudia Bittencourt é a área da alimentação, que exige muita energia e grande dedicação. "De domingo a domingo", diz. Ela também ressalta alguns segmentos que têm sido procurados por jovens interessados em empreender, como escolas de idiomas, moda, esportes e turismo. "Se ele gosta muito de viajar, por que não abrir uma agência de intercâmbio?"
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