Participo de muitos eventos ligados ao mundo do empreendedorismo no Brasil e exterior e um tema que sempre me intrigou foi a relevância dos negócios a que sou apresentado. Após alguns anos indo a concursos, feiras, congressos etc., consegui identificar um padrão: a maioria dos negócios é absolutamente irrelevante. Isso é um problema para quem compra e, principalmente, para quem vende.
Na minha opinião, a irrelevância de um negócio surge quando o empreendedor deixa de olhar primeiro “para fora” e depois “para dentro”. Ele precisa entender como suas habilidades e conhecimentos únicos podem ajudar a construir algo de valor para alguém. Abaixo, deixo para vocês uma lista (não exaustiva) de algumas das características que tenho observado nos negócios realmente relevantes, no Brasil e no mundo.
1. Resolve um problema real
O sentido da palavra “real” aqui é profundo. Pense em alguns temas recorrentes e importantes na nossa vida – nascimento, morte, saúde, sexo, consumo, lazer, trabalho. Quais negócios ajudam realmente a melhorar aspectos ligados a esses temas? Levar saúde a quem não tem acesso, bons produtos a quem não consegue comprar, conhecimento a quem precisa se atualizar parecem negócios óbvios, mas pense quantos modelos de fato conseguiram mudar essas realidades de forma significativa.
2. É fácil de entender, usar e comprar
Produtos e serviços relevantes são praticamente autoexplicativos e fáceis de achar. O cliente consegue entender seu funcionamento e valor de forma rápida e quase intuitiva. Igualmente simples é a forma de comprá-lo. São aqueles que te dão uma certa felicidade já no processo de aquisição. Em resumo, o foco do cliente sai do produto/serviço e vai para sua real utilidade.
3. Custa menos do que o valor que oferece
Negócios altamente relevantes se pagam antes mesmo da compra. O valor percebido para o cliente é tão alto que o preço pago vira apenas um meio para começar a desfrutar dos benefícios que o produto/serviço oferece. É o efeito “água no deserto” que todo empreendedor deveria buscar. Só assim deixaria de lutar uma guerra de preços e passaria a batalhar pelo benefício do consumidor. Parece óbvio, mas basta entrar em qualquer loja de aplicativos para ver a quantidade de distrações irrelevantes que alguém pensou para o seu smartphone. Gerar valor, no sentido mais real da palavra, é a obrigação número um de qualquer empreendedor. Preço e lucro realmente deveriam ser resultado desse foco total em ajudar um potencial cliente
Note que, na lista acima, todas as características tem algo a ver com “menos” ou “fácil”. Portanto, antes de pensar nas 100 funcionalidades do seu aplicativo ou nas 50 formas que seu produto agrega valor, foque no número 1 ou no número 3. Você vai ver que, para ser bom, um negócio/produto tem que resolver muito bem uma coisa em, no máximo, 3 passos. Não se trata de ser radical, mas de focar no que realmente importa.
Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios
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