A onda de calor que atinge o país com recordes de altas temperaturas exige que as pessoas tomem cuidado não só com a própria saúde, mas também com a de seus aparelhos eletrônicos. Celulares e tablets esquecidos dentro de carros ou deixados diretamente sob o sol sofrem danos nos componentes internos e, em alguns casos, podem até parar de funcionar.
Várias cidades brasileiras têm ultrapassado a máxima de 40°C, entre elas capitais como Porto Alegre (RS) e Rio de Janeiro (RJ). O município gaúcho de Taquara (RS) registrou máxima, por exemplo, de 44°C. Essa temperatura ambiente alta não é suficiente para danificar os ultraportáteis, mas pode ser perigosa quando é combinada a outras situações que façam os aparelhos chegarem a temperaturas entre 70°C e 100°C.
"O ruim é o calor acumulado. Por exemplo, a temperatura alta atingida dentro de um carro sob o sol", explica Rodrigo Filev, professor de ciência da computação do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana).
Em contrapartida, usar o aparelho em um ponto de ônibus em um dia de calor forte não seria capaz de fazê-lo superaquecer -- o ambiente aberto favorece alguma dissipação do calor.
Outro tipo de situação que pode prejudicar esses eletrônicos é a incidência direta de raios solares sobre eles durante um período prolongado, diz Marcel Inhauser, especialista em celulares da LG. Um exemplo citado por ele é deixar o ultraportátil em cima de uma mesa ou banco sob o sol por cerca de uma hora -- o suficiente para danificar telas de LCD (cristal líquido).
Nesse cenário, os smartphones têm uma tendência maior a superaquecerem em situações de calor intenso do que celulares básicos. Isso porque o uso de alguns recursos colabora para a elevação da temperatura interna do aparelho. Entre eles, estão a conexão 3G e Wi-Fi, além do serviço de geolocalização e aplicativos com recursos gráficos mais elaborados (como jogos) - eles aumentam a atividade do processador e das antenas, gerando mais calor.
Danos
Com o superaquecimento do eletrônico, componentes sensíveis são os primeiros a sofrerem danos. No caso da tela LCD, há risco de que o cristal líquido "vaze", deixando pontos negros no visor.
"Smartphones mais novos como iPhone 5 e Galaxy S4 trazem uma camada de cola para fixação da tela touch, que derrete a 100°C e também podem estragar o visor", alerta Nestor Oliveira, instrutor do curso de hardware da Faculdade Impacta.
Celulares de modelos mais antigos podem ter a bateria danificada: além de perderem a carga e a vida útil, há casos, segundo Filev, em que incham e têm de ser descartadas.
No caso da bateria de smartphones, Inhauser afirma que o risco de danos é pequeno. "Pode aumentar o consumo de energia [durante o superaquecimento], mas não haverá outros problemas."
Superaquecidos, os aparelhos também podem travar durante o uso e até param de funcionar em casos mais graves. E, apesar de raros, também podem ocorrer danos estéticos, como a superfície plástica enrugar ou tampa traseira entortar. "Mas a exposição ao calor teria de ser extrema e por um longo período", diz Inhauser.
A possibilidade de acidentes como explosão ou incêndio, considera Filev, são remotas. "Os fabricantes fazem uma série de testes em situações extremas para desenvolver os aparelhos, além de seguirem uma série de normas de segurança."
Prevenção
Antes de tudo, é bom saber a temperatura máxima suportada pelo seu gadget. Os especialistas recomendam a consulta da informação no manual da fabricante. Isso porque os valores podem variar para cada dispositivo.
Uma medida paliativa, ressalta Oliveira, é fechar aplicativos e desligar as conexões em uso. "Quanto menos recurso aberto, menos carga consome e menor é o processamento, evitando o aquecimento interno do aparelho."
Alguns modelos de smartphones trazem um sistema de proteção justamente por essa tendência ao aquecimento em uso. Ele pode diminuir a velocidade do processador do celular, diminuir o brilho da tela e fechar aplicativos quando é atingida a temperatura de 50°C (em geral). Acima disso, ele desliga automaticamente o celular superaquecido.
Primeiros socorros
Com um eletrônico que dispõe do "autosalvamento" ou não, você deve tirá-lo do ambiente excessivamente quente e desligá-lo imediatamente. Se o aparelho tiver bateria removível, também é recomendado tirá-la do compartimento.
Não tente nenhuma medida drástica – como, por exemplo, pôr o gadget na geladeira. "Isso pode estragar ainda mais o aparelho pela umidade. Basta levá-lo a um ambiente com temperatura agradável, deixe esfriar naturalmente e ligue de novo só depois disso", recomenda Filev.
Além disso, afirma Oliveira, com o choque térmico alguns componentes da placa mãe do celular podem ter a solda rompida, o que faria o aparelho parar de funcionar.
Com informações do site Uol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário